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A inovação nas bibliotecas universitárias públicas do estado de São Paulo no contributo ao desenvolvimento nacional
SILVA, Maíra Prado da
Notas
 
A inovação nas bibliotecas universitárias públicas
http://repositorio.unesp.br/handle/11449/126598
 
 
BIBLIOTECONOMIA - INOVAÇÃO
 
119_InovacaobibliotecasuniversitariaspublicasSILVA.doc
 
Compreende-se a inovação como fator determinante nos índices de competitividade e desenvolvimento dos países. A universidade apresenta-se como promotora de inovação diante de seu papel de geradora do conhecimento. Nesse sentido, a biblioteca universitária se firma como um ambiente de apoio informacional, requisito básico para fomentar a inovação, e os recursos utilizados para disponibilizar a informação são viabilizados por meio dos serviços e produtos oferecidos pelas bibliotecas universitárias. O ambiente dinâmico que envolve a universidade e suas unidades de informação demanda a inserção de atividades inovadoras aos serviços e produtos. Dessa maneira, o problema da pesquisa configura-se em entender como as bibliotecas universitárias públicas do estado de São Paulo estão inovando em seus produtos e serviços, auxiliando na construção de conhecimento para a geração de inovação. O objetivo geral da pesquisa consiste em analisar os serviços e produtos gerados pelas bibliotecas universitárias. A pesquisa possui abordagem qualitativa de caráter descritivo exploratório, e caracterizou-se como estudo de casos múltiplos. Os instrumentos utilizados para a coleta de dados consistem no desenvolvimento da linha de extensão de produtos e serviços e na realização de entrevista com os representantes dos sistemas de bibliotecas das três universidades públicas estaduais. Para tanto, o método Análise de conteúdo, mais especificamente a técnica Análise de Conteúdo Categorial foi aplicada visando nortear a coleta de dados e a análise de dados, permitindo posteriormente as inferências em relação a problemática desta pesquisa. Os resultados demonstram a existência de inovação nos produtos e serviços oferecidos pelas bibliotecas universitárias. No entanto, a inovação atrela-se mais aos produtos e serviços tradicionais. Constatou-se que existem poucos produtos e serviços de informação inovadores..
 
SILVA, Maíra Prado da. A inovação nas bibliotecas universitárias públicas do estado de São Paulo no contributo ao desenvolvimento nacional. 2015. 146 f. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Filosofia e Ciências, 2015. Disponível em: .

O desenvolvimento da Teoria da Inovação origina-se em grande parte das propostas construídas na Teoria do Desenvolvimento Econômico de Schumpeter, que instaurou a necessidade de desenvolver meios para integrar conhecimento de modo a obter desenvolvimento econômico.

Schumpeter (1982) destaca cinco maneiras de inovação que o processo de inovação abarca:
  • Introdução de um novo produto ou mudança na qualidade do produto;
  • Inserção de um novo processo de inovação na indústria;
  • Abertura de um mercado novo;
  • Desenvolvimento de novas fontes de matérias-primas;
  • Mudança organizacional.

    Inovação, processo evolutivo
    Segundo Arundel et al. (1998), as teorias de inovação abrangem duas ideias centrais: a primeira focaliza a inovação como um processo evolutivo, que necessita da interação de distintos atores e fases no desenvolvimento de uma ideia para a geração da inovação; já segunda ideia reconhece a existência de um ciclo constituído por três elementos que interagem entre si: conhecimento, aprendizagem e crescimento.

    Definição
    A análise morfológica e etimológica da palavra "inovar" indica que ela deriva do latim in+ novare, que significa “[...] fazer novo, renovar, alterar: renovar, tornar algo novo” (SARKAR, 2010, p. 141) ou ainda, segundo Carayannis e Gonzales (2003, p. 115), “[...] introduzir algo novo à existência e à ordem das coisas”.

    Damanpour (1996) define inovação como a mudança na organização e enfatiza o seu papel externo em provocar e moldar essas mudanças:

    Inovação é resposta
    Inovação é concebida como um meio de mudança de uma organização, quer como resposta para mudança no ambiente externo ou como uma ação preventiva para influenciar o ambiente. Por isso, inovação é aqui amplamente definida para abarcar uma gama de tipos, incluindo novos serviços e produtos, novos processos tecnológicos, novas estruturas organizacionais ou sistemas administrativos, ou ainda novos planos ou programas relativos para os membros da organização (DAMANPOUR, 1996, p. 694, tradução nossa).

    Objetivo da inovação
    O objetivo da inovação fixa-se em propor melhores condições para avançar, competir e diferenciar-se com sucesso no mercado (BAREGHEH; ROWLEY; SAMBROOK, 2009)

    Inovação pode ser feita sem custos
    Na visão de Drucker (1989), a inovação consiste em uma maneira de criar recursos que componham uma fonte de crescimento para as organizações, sendo o recurso uma descoberta com atribuição de valor econômico pelos seres humanos. No entanto, o recurso não necessita ser algo material, pode ser uma técnica ou um novo modo de executar algo que permita alavancar as fontes de riquezas. Esse é um grande contributo apresentado nos estudos de Schumpeter, expondo uma diversidade de maneiras inovativas.

    Tipologia da inovação
    Sob o ponto de vista tipológico, o Manual de Oslo (OCDE, 1997) apresenta a distinção entre produto, processos e inovação organizacional - relevante referência na área de inovação - que engloba um amplo conjunto de mudanças nas atividades das empresas:

  • Inovação de produto: introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado no que concerne a suas características ou usos previstos. Incluem-se melhoramentos significativos em especificações técnicas, componentes e materiais, softwares incorporados, facilidade de uso ou outras características funcionais.
  • Inovação de processo: implementação de um método de produção ou distribuição novo ou significativamente melhorado. Incluem-se mudanças significativas em técnicas, equipamentos e/ou softwares.
  • Inovação de marketing: implementação de um novo método de marketing com mudanças significativas na concepção do produto ou em sua embalagem, no posicionamento do produto, em sua promoção ou na fixação de preços.
    Inovação organizacional: implementação de um novo método organizacional nas práticas de negócios da empresa, na organização do seu local de trabalho ou em suas relações externas.

    Inovação está relacionada à mudança tecnológica
    Edquist (2005) apresenta uma proposta de taxonomia da inovação. A caracterização do termo inovação está voltada inicialmente para as mudanças tecnológicas e não para um termo de inovação abrangente. Dentro da inovação tecnológica, o principal foco está no processo de mudança tecnológica. Assim, considera-se que os diferentes tipos de inovação podem ter diferenças determinantes. Por exemplo, a inovação no processo organizacional possui outros fatores determinantes em relação ao tecnológico, assim como inovação de produtos possuem outros. Dessa maneira, é necessário estabelecer algumas categorias dentro da inovação, chamadas de taxonomia da inovação.

    Tipos de inovação
    A partir do ponto de vista da importância, Komninos (2008) classifica a inovação em três tipos principais: inovação incremental, que se caracteriza por melhorias ao longo da curva de aprendizagem 3- essas melhorias são contínuas, e futuras mudanças podem ser previstas com confiança; inovação radical, em que novas tecnologias são desenvolvidas e se descartam outras, como aconteceu no caso do gravador óptico que substituiu o videocassete; e a proposta geral da inovação, que caracteriza todo o regime tecnológico, tais como o vapor, a eletricidade, o motor de combustão, os computadores e a Internet, e que afeta uma ampla gama de industrias, produtos e processos.

    Inovação social
    … recentemente, pesquisas sobre uma nova forma de inovação começam a se proliferar nas pautas nacionais e internacionais, como a inovação social...

    Os estudos acerca dos conceitos e práticas de inovação têm sido orientados para uma perspectiva mais econômica, sendo a competitividade a mola propulsora para sua evolução. Dessa maneira, as várias formas de inovação estão geralmente relacionadas direta e indiretamente com o sistema produtivo. Então seria o conceito da inovação diretamente ligado às necessidades econômicas? Nas concepções shumpeterianas e neoschumpeterianas tradicionais, a concepção de inovação repousa sob o prisma de resultados econômicos e de lucros, enquanto as inovações sociais estão direcionadas mais para as questões sociais.

    As perspectivas mais recentes deslocam a inovação social da inovação tecnológica desprendendo de características mercantis, posicionando a inovação social a um caráter coletivo, com uma pretensão que provoca e transforma as relações sociais.

    A inovação social implica em iniciativa que foge da ordem estabelecida, um novo modo pensar ou fazer algo, uma mudança social qualitativa, uma alternativa, ou até mesmo uma ruptura diante dos processos tradicionais. Assim, a inovação social manifesta-se como uma “missão ousada e arriscada” (ANDRÉ; ABREU, 2006).

    Alguns aspectos, para Bignetti (2011), são distintivos entre a inovação tecnológica e a inovação social, mas essa dicotomia não representa incompatibilidade, pois existem aspectos permeáveis entre ambas.

    Inovação tecnológica e estratégica, permeabilidade
    Inicialmente, a questão do valor aparece nessa distinção, porque a inovação tecnológica aborda a apropriação de valor, enquanto a inovação social se direciona para a criação de valor.

    A segunda distinção está voltada para ações de estratégias. Na inovação tecnológica se buscam as vantagens competitivas, enquanto na inovação social o objetivo é estimular a cooperação intensa entre os atores em busca de resolver problemas sociais, que possam impactar em mudanças nas relações e condições sociais.

    A quarta dimensão se diferencia no processo de inovação, isso porque a inovação tecnológica se situa como um processo que se desenvolve, por meio de etapas nas quais o uso de ferramentas de gestão específicas é essencial. Na inovação social, a concepção, o processo e a aplicação se desenvolvem por meio da cooperação de todos os atores, ou seja, ela representa o processo de aprendizagem coletiva, fundamentada no potencial dos indivíduos, gerando uma coletividade que adquire as capacidades necessárias para realizar as transformações sociais.

    O quinto e último aspecto se relaciona com a difusão do conhecimento gerado pela inovação. Para garantir que a inovação desenvolvida por uma empresa não possa ser copiada por seus concorrentes, aplicam-se os mecanismos de proteção intelectual para possibilitar um período de exclusividade. Assim, como já exposto, as inovações tecnológicas são vistas como principais motivadoras para a competitividade entre as organizações. Em contrapartida, a inovação social aplica mecanismos de difusão que beneficiam a replicação e a expansão dos resultados em outras comunidades. O compartilhamento de experiências entre as comunidades ou organizações é uma prática corrente estimulada por centros de inovação social, redes organizacionais e por diversos fóruns de discussão de ideias e de apresentação de casos.

    Destaca-se que a inovação tecnológica e a inovação social apresentam características típicas, porém elas não são excludentes entre si. Tornou-se incontestável que muitas inovações tecnológicas possuem característica social e que inovações sociais podem desenvolver tecnologias propícias para atender a uma necessidade social.

    Indicadores para a Mensuração da Inovação
    Ao redor do mundo, muitos esforços têm sido realizados visando mensurar a inovação, bem como para criar indicadores de medição. Isso porque, segundo Campos (1998, p.123), as medidas são imprescindíveis para alcançar a inovação: “[...] se não podemos medir, não podemos controlar, se não podemos controlar, não podemos gerenciar, se não podemos gerenciar, não podemos melhorar [...]”.

    Nesse sentido, os indicadores são fundamentais para o planejamento e o controle dos processos das organizações. Os indicadores permitem instaurar objetivos quantificados com diferentes vertentes organizacionais possibilitando a tomada de decisões e o replanejamento (TAKASHINA; FLORES, 1996).

    No Brasil, a Pesquisa de Inovação (PINTEC), coordenada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é a principal referência nacional para se obter informações e estatísticas sobre as atividades inovadoras. A PINTEC (2014, sem paginação) objetiva a construção de indicadores para os setores nacionais, sendo o “[...] foco da pesquisa os fatores que influenciam o comportamento inovador das empresas, sobre as estratégias adotadas, os esforços empreendidos, os incentivos, os obstáculos e os resultados de inovação”.
    http://www.pintec.ibge.gov.br/

    Para o estado de São Paulo, que concentra metade das atividades inovadoras do Brasil, a principal referência está direcionada aos Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação, editado a cada três anos pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) (TIGRE, 2006).

    Analisando esse cenário competitivo em nível internacional, Fajnzylber (1988 apud MÜLLER, 1994/1995, p. 44) revela que:
    No mercado internacional não competem apenas empresas. Confrontam-se também sistemas produtivos, esquemas institucionais e organizações sociais, nos quais a empresa constitui um elemento importante, mas integrado a uma rede de vínculos com o sistema educacional, a infra-estrutura tecnológica, as relações gerenciais e de trabalho, o aparato institucional público e privado, o sistema financeiro etc.

    O conceito de competitividade na perspectiva de Kupfer (1991 apud MACHADO-DA-SILVA; FONSECA, 2010) aparece por meio de vários enfoques, abrangência e preocupação. Sob a abordagem da ecologia populacional…

    NR - 4 A Ecologia Populacional é uma abordagem da Teoria Organizacional que busca explicar a diversidade de empresas existentes no mercado e o que leva as empresas a sobreviver. Essa corrente teórica está pautada em duas perspectivas. Na primeira, a adaptação ambiental das empresas está em contato direto com o ambiente, recebendo estímulos, agindo de forma a adaptar se às exigências geradas pelas transformações externas e, além disso, modificando o ambiente por meio de suas atitudes. A segunda perspectiva, denominada seleção, deriva desse aspecto. Em contraste com a abordagem da adaptação, que explica a variação da diversidade organizacional em termos de escolhas cumulativas e de mudanças nas organizações existentes, essa segunda perspectiva realça a criação de novas organizações e o desaparecimento de outras para explicar essa variabilidade (MEDEIROS; PAIVA, 2012, p.3).

    O benchmarking se pauta nos princípios baseados na comparação de resultados entre as organizações.

    Bibliotecas
    A biblioteca é vista como um sistema de informação e exerce sete funções básicas, quais sejam: 1) função formadora, como suporte de apoio à educação; 2) função de custódia, centra-se na preservação e conservação de materiais e documentos; 3) função recreativa; 4) a função social, por ser um ambiente que reúne pessoas; 5) função investigadora, que por meio dos recursos de informação oferecidos pela biblioteca subsidia os indivíduos a realizar suas investigações; 6) função prática, relacionada às questões informacionais da vida cotidiana; 7) função da difusão da informação e disseminação da informação (MOREIRO GONZÁLEZ, 2001).

    MOREIRO GONZÁLEZ, J. Introducción al estudio de la información y la documentación. Medellín: Editora Universidade de Antioquia, Colombia, 2001.

    Fonte do artigo de Moreiro
    http://www.journals.unam.mx/index.php/ibi/article/view/3926

    Divisão organizacional de bibliotecas
    Entretanto, para que a biblioteca exerça sua função, Rubin (2004) apresenta uma divisão de unidade (Figura 4). A divisão revela quais são as principais temáticas trabalhadas no ambiente da biblioteca, de maneira que as atividades a serem desenvolvidas se tornam especializadas. Ressalta-se que essa organização funcional da biblioteca é uma representação, e pode mudar de acordo com o tipo de biblioteca, tamanho e centralidade.




    A divisão organizacional inicia-se no conselho administrativo, que tem como propósito estabelecer políticas, planos estratégicos, objetivo e direções para a biblioteca. A administração da biblioteca contribui para a criação e o cumprimento das políticas, ministrar as práticas pessoais e realizar as operações fiscais e funções de planejamento.

    As unidades de serviço públicas são responsáveis por ofertar serviços e materiais para os usuários. Cada unidade tem geralmente pelos menos um indivíduo responsável pelo nível da gestão. O propósito dos níveis de gestão em bibliotecas é enfocar a supervisão das unidades que executam funções específicas de serviço. Isso envolve a supervisão de pessoal, a participação na elaboração de orçamentos e planejamento, bem como a prestação de serviço público.

    O departamento de referência enfoca a estruturação de respostas para suprir as necessidades informacionais dos usuários. O departamento de circulação implica na atividade de distribuição ou recebimento de materiais na biblioteca. A sua preocupação é com o fluxo de materiais e o controle das condições sob as quais os materiais estão sendo utilizados. O departamento audiovisual se preocupa com a organização dos materiais audiovisuais e também com os equipamentos que darão acesso aos materiais. Arquivos e coleções especiais trabalham com os registros locais e com importantes fatos históricos. Os serviços especiais visam a atender às necessidades de clientes específicos, como os deficientes visuais.

    As unidades de serviços técnicos estão direcionadas à preparação dos materiais, inclusive as informações eletrônicas para facilitar o acesso dos usuários. Normalmente, o departamento consiste nas subdivisões de aquisição (pedidos e recebimentos de materiais), periódicos (inclui funções como check-in, requerimento, encadernação, substituição de edições anteriores e sua manutenção no acervo); catalogação e classificação (responsável pelo controle bibliográfico, por meio da aplicação de ferramentas como AACR2, CDU, CDD etc.), e preservação se preocupa com a variedade de atividades e técnicas que serão aplicadas na conservação de materiais.

    Em relação às unidades de apoio, a atuação refere-se à prestação indireta de serviços aos usuários, ajudando a biblioteca a cumprir sua função de serviços. Os departamentos contemplam: manutenção (assegura o funcionamento das instalações); relações públicas (procura construir um canal de comunicação com o público), segurança (garante a proteção do ambiente e da comunidade), sistema integrado (fornece atividades que preparam os funcionários para trabalharem com os recursos tecnológicos no âmbito da biblioteca).

    Serviços e produtos
    Para Valeries e Bitner (1996, p.6), “[...] os serviços são atos, processos e desempenho de ações”. Em sintonia com essa abordagem, Grönroos (2003) acredita que a característica mais importante é sua natureza de processo. Os serviços são processos constituídos por diversas atividades se utilizando de diferentes recursos, tais como pessoas.

    Dessa maneira, de acordo com Fitzsimmons e Fitzsimmons (2010), as características centrais de serviços são compostas pela simultaneidade, perecibilidade, intangibilidade e heterogeneidade.

    A simultaneidade caracteriza os serviços por serem desenvolvidos e consumidos ao mesmo tempo; assim, se torna impossível estocá-los. Nesse caso, o serviço, a produção e o consumo ocorrem simultaneamente, situação que dificulta a oportunidade da intervenção no controle da qualidade, de maneira que o produto passe por uma análise antes da entrega. Por outro lado, os serviços necessitam utilizar outros indicadores para garantir sua qualidade.

    A perecibilidade do serviço reside na questão de que o mesmo não pode ser estocado; assim, se o serviço não for usado, ele estará perdido.

    No que tange à questão da intangibilidade, os serviços são ideias e conceitos, ao passo que os produtos são objetos, por isso não é possível patentear as inovações em serviço. O grande contraponto na característica intangível do serviço é que, quando o usuário escolhe um produto, este na maioria das vezes pode ser visto, sentido e testado antes de ser adquirido, enquanto o serviço necessita que o usuário acredite na reputação da prestação de serviço.

    Em relação à heterogeneidade, é considerado que devido à existência da natureza intangível do serviço e da participação do usuário na prestação deste, há como resultado certa variação de serviços a serem oferecidos de usuário para usuário, permitindo a partir das experiências a realização de um trabalho mais satisfatório.



    Percebe-se que o serviço é um tipo de produto, considerando a utilidade que o serviço exerce sobre o usuário, isto é, compra-se um livro para sanar uma dúvida, portanto, o livro, que é um produto, estará prestando um serviço para o usuário. No entanto, quando se propõe ou se tem uma geração de serviço e produtos, visualizase um processo com características diversificadas entre si.



    Para o desenvolvimento de um produto, a existência da matéria-prima consiste em uma das características essenciais, em que se leva a um processo de tratamento que terá como saída um novo produto. A partir disso, da existência desse produto, pode-se inserir uma prestação de serviço, como a manutenção e a garantia de um produto, por exemplo. Nota-se nessa questão que, apesar de parecer que o produto e o serviço são integrados, inicialmente precisa-se assegurar o produto para posteriormente inserir o serviço.

    Segundo o Dicionário de Marketing (2014), o produto inclui mais do que apenas objetos tangíveis, isto é, inclui serviços, eventos, pessoas, lugares, organizações, ideias ou uma combinação delas.

    Serviços e Produtos de Informação
    Na literatura acerca de serviços de informação não há uma definição clara acerca do termo, mas existem ideias sobre suas características e funções. Rozados (2004) apresenta algumas ideias do que compõe o conceito de serviço de informação.

    Todo o processo existente que auxilia o usuário na busca da informação ou que supre sua necessidade informacional;
    É a interface direta entre informação e o usuário;
    Atividade voltada a identificação, aquisição, processamento e transmissão de informação e ao seu fornecimento em um serviço ou produto de informação.

    O serviço de informação tem como objetivo garantir que a informação requerida e o acesso estejam disponíveis para o usuário. Desse modo, o caráter do serviço de informação deve contar com o capital humano especializado para exercer a busca pela informação, identificar fontes relevantes, assim como políticas que permitam melhor acesso e disseminação da informação.

    A tipologia do serviço de informação abarca dois grupos. O primeiro consiste no atendimento à demanda, em que os serviços são desenvolvidos sob encomenda do usuário com o intuito de suprir suas demandas especificas, exemplificado pelos serviços de levantamento bibliográfico, as pesquisas de opinião e respostas técnicas, entre outras. O segundo consiste nos serviços de antecipação à demanda, possuindo como objetivo atender às necessidades informacionais dos usuários, antes de se tornarem demandas explícitas de informação, permitindo possibilidades futuras aos mesmos. A exemplificação pode ser demonstrada pelos serviços de disseminação seletiva da informação (DSI), os alertas bibliográficos, a análise do ambiente de negócios da organização, das tendências de mercado e de cenário futuro etc.

    Em relação aos produtos de informação, eles podem ser considerados estruturas informacionais resultantes de serviços. Para Borges (2007), a principal diferença entre serviços e produtos consiste em que o último possui características de tangibilidade, por meio de propriedades como formato, apresentação, suporte, entre outros. A tipologia para produtos de informação pauta-se em quatro tipos: referencial, noticioso, analítico e estatístico, possuidores de características específicas e com objetivos diferenciados no atendimento aos usuários (ASSIS, 2006).

    Independentemente das questões relacionadas aos serviços e produtos de informação, algumas observações devem ser destacadas, entre elas: a oportunidade, um fator imprescindível para a oferta da serviços e produtos, pois se a informação é fornecida com atraso, ela se torna irrelevante; a quantidade não é sinônimo de qualidade, deve-se fornecer a informação necessária para o usuário; a informação solicitada pelo usuário nem sempre é o que ele realmente precisa; as necessidades de informação do usuário se modificam com o tempo, tornando limitado o tempo de vida útil de qualquer serviço e produto de informação; os serviços serão julgados com base na pertinência do usuário, que é subjetiva; o estoque local normalmente não é suficiente, assim, torna-se imprescindível conhecer o maior número de fontes de informação; a apresentação deve ser clara, concisa e fácil de assimilar (BORGES, 2007).

    [em tópicos]

    oportunidade, um fator imprescindível para a oferta da serviços e produtos, pois se a informação é fornecida com atraso, ela se torna irrelevante;
    a quantidade não é sinônimo de qualidade, deve-se fornecer a informação necessária para o usuário;
    a informação solicitada pelo usuário nem sempre é o que ele realmente precisa; as necessidades de informação do usuário se modificam com o tempo, tornando limitado o tempo de vida útil de qualquer serviço e produto de informação;
    os serviços serão julgados com base na pertinência do usuário, que é subjetiva;
    o estoque local normalmente não é suficiente.

    Valor da informação
    Assim, Freiden et al. (1998) argumentam que a natureza da informação como um produto exige uma reflexão acerca do valor da informação. O valor da informação é contextual, depende de seu contexto e sua utilização por determinados usuários em ocasiões específicas. A informação pode ser compartilhada e copiada e transferida por meio de diversos suportes, podendo ser “embalada” de formas diferentes, assim como é utilizada na tomada de decisão, e é parte integrante do processo de aprendizagem; tem o potencial para alterar os indivíduos e as organizações (EATON; BAWDEN, 1991).

    Freiden et al. (1998) também comparam informações com bens e serviços, utilizando quatro dimensões, muitas vezes, usadas para diferenciar entre bens e serviços: perecibilidade, heterogeneidade, tangibilidade e inseparabilidade.

    Perecibilidade: bens têm diferentes níveis de perecibilidade, mas os serviços só têm valor quando eles são produzidos e consumidos. Informações não se deterioram com o passar do tempo, apesar do meio em que estão armazenadas, mas por outro lado, o valor da informação pode se modificar com o tempo. A informação pode ter vários ciclos de vida, como as ideias que surgem e desaparecem, podendo ser requerida e necessária muitos anos depois de ter sido publicada pela primeira vez; porém, a informação pode se tornar obsoleta.

    Heterogeneidade: bens demonstram um alto nível de homogeneidade, mas os serviços, devido aos elementos pessoais na prestação de serviços, podem apresentar diferenças. Os produtos de informação estão no âmbito da homogeneidade, já que cada cópia é idêntica às originais. Os gestores têm a oportunidade de enfatizar a padronização e controlar a qualidade do produto. Por outro lado, a facilidade de personalização de produtos de informação digital pode levar a uma considerável heterogeneidade em relação ao produto oferecido aos usuários individuais.

    Inseparabilidade: refere-se à distância física e institucional entre o criador do produto e o consumidor final. Os bens podem passar por vários intermediários entre produção e compra pelo cliente. Serviços, por outro lado, são inseparáveis, porque o produtor e o consumidor precisam interagir para criar, entregar e consumir o serviço. A informação é mais semelhante a um bem do que a um serviço, na medida em que é produzida, armazenada, transportada e pode existir sem ser consumida.

    Tangibilidade: refere-se à propriedade física do produto e da amplitude em que ele pode ser visto, sentido, ouvido ou cheirado por meio dos sentidos. Bens são tangíveis e têm atributos físicos, tais como tamanho e cor, ao passo que o desempenho de um serviço é em grande parte intangível. A informação se apresenta na intangibilidade, sem nenhum aspecto tangível. Assim, produtos de informação como livros e revistas são tangíveis, embora a informação que eles contêm não seja.

    Autoempréstimo
    O sistema de autoempréstimo é oferecido nas instituições ‘A’ e ‘B’, em que o usuário pode realizar seu próprio empréstimo, dinamizando a circulação do acervo bibliográfico e simultaneamente oferecendo segurança às dinâmicas envolvidas no cotidiano da biblioteca. O sistema constitui-se de alguns componentes básicos, compostos por tela plana, software interativo com orientação do passo a passo, leitora de cartão, dispositivo de desativação (empréstimo) ou reativação (renovação), impressora de comprovante e scanner ótico para leitura do código de barra identificador do livro ou item (NOGUEIRA, 2002). O sistema de autodevolução, no entanto, só está em uso em algumas unidades da instituição ‘A’; a instituição ‘B’ possui a intenção de investir na autodevolução.

    GPS bibliográfico
    O sistema de bibliotecas começou a usar o protótipo do GPS bibliográfico para localizar as publicações, ainda disponíveis em uma das bibliotecas, mas pretende-se ampliar para toda a rede. Na instituição ‘B’ a biblioteca central possui cinco andares, e uma vez que o usuário coloca o que ele quer encontrar, o GPS o localiza dentro do acervo, pois permite efetividade nessa localização. Nota-se que o GPS pode ser usado como recurso para o usuário localizar os materiais de informação, e como recurso para aumentar a eficiência no trabalho dos bibliotecários, que poderão levantar rapidamente os materiais faltosos na biblioteca.

    Substituição de funcionários
    Se algum funcionário pede demissão e tem o regime CLT, ele vai deixar recurso e ocorrerá a substituição. Entretanto, no regime de trabalho CLE, se o funcionário se aposenta, não há possibilidade de substituí-lo, porque sua aposentadoria fica retida na folha de pagamento da universidade. Diante dessas circunstâncias, a universidade decidiu que parte desse recurso voltaria para a unidade: de dois aposentados, um recurso voltaria, sendo que a vaga que estiver sobrando será alocada com o recurso. Observa-se que, gradativamente, o número de servidores vem diminuindo, e eles não têm sido substituídos na proporção em que deixam a organização. Nesse sentido, o sistema de biblioteca pretende realizar uma revisão no organograma, buscando trazer profissionais de diversas áreas para atuar no sistema, como os das relações públicas, marketing, engenharia, técnico em trabalho.

    Foco no usuário
    Percebe-se que os sistemas possuem uma visão com foco no usuário, e isso é ressaltado pelas instituições. No entanto, ainda não ocorre a geração de produtos e serviços radicais. Nota-se que grande parte das inovações estão voltadas para a aplicação da tecnologia e implementações nos serviços tradicionais por meio de um novo modo de oferta.
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